Nutrientes Básicos Dos Vegetais



Nitrogênio (N)
O nitrogênio é um elemento químico com símbolo N, número atómico 7 e número de massa 14 (7 prótons e 7 nêutrons) (Figura 1). É encontrado na natureza na forma gasosa forma molecular biatômica (N2), formando cerca de 78% do ar atmosférico. Na forma iônica (NH4+, NO2e NO3-) e ainda, em diversas estruturas orgânicas como aminoácidos (unidades fundamentais das proteínas) e nucleotídeos (subunidades formadoras do RNA, DNA e Adenosina Trifosfato, além de diversos outros compostos orgânicos).

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Figura 1 - Nitrogênio


Aplicações

A mais importante aplicação comercial do nitrogênio é na obtenção do gás amoníaco, que é usado, para a fabricação de fertilizantes e ácido nítrico.O nitrogênio líquido, obtido pela destilação do ar líquido, é usado em criogenia, já que na pressão atmosférica condensa a -196ºC, sendo usado como fator refrigerante, para o congelamento e transporte de alimentos, conservação de corpos e células reprodutivas sexuais, ou outras amostras biológicas.



Nitrogênio na Agricultura

O nitrogênio é, depois do C, H e O é o elemento mais demandado pelos vegetais. Parte da quantidade de N requerido pelas culturas pode ser suprida pelo solo, no entanto, em muitas situações o solo é incapaz de atender toda a demanda por N, tornando-se necessária a fertilização nitrogenada. 

É um dos macronutrientes primários sendo o mais utilizado, mais absorvido e mais exportado pelas culturas; nutriente de obtenção mais cara; é o mais lixiviado nos solos, requerendo cuidados especiais em seu manejo pelos riscos de contaminação do lençol freático.

Apresenta acentuado dinamismo no sistema solo devido a sua grande variação do número de oxidação (-3 até +5) isto é grande variedade de combinações. Apresenta diversas formas gasosas ( N2, NO, NO2, N2O, NH3) o que ocasiona trocas constantes, elevada solubilidade das formas inorgânicas, principalmente da forma nítrica (NO2, NO3) extremamente móveis no solo.

Sofre transformação em reações mediadas por microorganismos.



Fontes

A fonte primária é o gás N2, (N≡N), presente na atmosfera terrestre. Entretanto, para que o elemento seja utilizado biologicamente, ou seja, absorvido por plantas e outros organismos ele precisa ser fixado e combinação com outros elementos, tornando-o solúvel e assimilável.

A fixação atmosférica ocorre através dos relâmpagos, cuja elevada energia separa as moléculas de nitrogênio e permite que os seus átomos se liguem com moléculas de oxigênio existentes no ar formando monóxido de nitrogênio (NO). 

A fixação do nitrogênio é o processo pelo qual o nitrogênio gasoso do ar é incorporado em compostos orgânicos nitrogenados e, assim, introduzido no Ciclo do Nitrogênio. 

A fixação deste gás, que pode ser efetuada, por apenas alguns microrganismos específicos. Através de processos industriais (nomeadamente o processo de Haber-Bosch) é possível produzir amoníaco (NH3) a partir de nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2). 

A Fixação Industrial é de grande importância agrícola pela necessidade do uso de fertilizantes nitrogenados para atender a necessidade do N pelas culturas.

Outras fontes de N são rochas como o Salitre do Chile (NaNO3), encontradas nos desertos do Chile, Bolívia e Peru, e o Salitre de Bengala (KNO3), nos desertos da Índia, Pérsia e Egito.



Formas de disponibilidade N a nível de solos

Precipitação. na atmosfera podem ocorrer formas combinadas de N, como amônia e formas orgânicas em resíduos finamente subdivididos. As chuvas carrearam para o solo o NH3, o NO3- e outras formas existentes na atmosfera, principalmente em áreas industriais.

A quantidade de nitrogênio que chega ao solo pelas águas da chuva, varia muito com a região, e normalmente em quantidades inferiores às demandas da maioria das espécies vegetais cultivadas.

Fixação Biológica de N2 Atmosférico: O N2, não é uma forma assimilável pelas plantas, entretanto microorganismos altamente especificcos, podem realizar a redução enzimática do N2 para (NH4+) . 

A fixação biológica do N2 é realizada por alguns microrganismos, como bactérias, cianobactérias e actinomicetos, os quais têm a capacidade de fazer através de um processo conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN). 

Alguns destes microorganismos vivem em associações com plantas, principalmente, leguminosas, em relações simbióoticas, enquanto outros organismos não simbiontes fixam N2, o qual é liberado na forma de mineral somente através da decomposição da biomassa dos micróbios após sua morte.



Mineralização de N orgânico

A decomposição microbiana de resíduos de plantas e animais no solo libera nitrogênio mineral, nitrato e amônia, formas de N que as plantas podem absorver da solução do solo.

Adicão de fertilizantes e matéria orgânica: Fertilizantes sintéticos, entre eles amônia, nitrato de amônia e uréia, têm sido propostos desde os tempos de Von Liebig mas tornaram-se disponíveis após o desenvolvimento do processo de fixação sintética de nitrogênio pelo processo Haber-Bosch .



Formas de Absorção pelas culturas

O nitrogênio é o nutriente mineral absorvido em maiores quantidades pela maioria das culturas. Sob boas condições, o NH4+ é rapidamente convertido em NO3- pelas bactérias do solo. Ambas as formas podem ser absorvidas e utilizadas pelas plantas, porém a maioria, exceto as aquáticas, como arroz, absorve mais N-NOdo que NH4+.

Muitas culturas, especialmente fumo, batata e tomate, preferem NO3- como fonte de N, devido ao íon acompanhante do NO3- usualmente ser um cátion que também é um nutriente essencial para a cultura. Tanto as formas aniônica como catiônica exercem um sinergismo na absorção de nutrientes, favorecendo o aumento da produtividade e a qualidade final dos produtos.



Funções do N nas plantas

Nutriente estrutural por ser constituinte das proteínas, o N participa de vários compostos orgânicos, tendo papel fundamental no metabolismo vegetal. 

É essencial para estrutura e funções nas células; para todas as reações enzimáticas nos vegetais, faz parte da molécula de clorofila (fotossíntese), é componente das vitaminas biotina, tiamina, niacina, riboflavina, etc, além de atuar na produção e uso de carboidratos.



Perdas de N nos solos

Existem vários caminhos de perdas de nitrogênio dos solos:

- Remoção pelas colheitas;

- Lixiviação; erosão;

- Desnitrificação;

- Volatilização da amônia entre outras.



FERTILIZANTES NITROGENADOS

Características:

- Aumentam a acidez do solo;

- Possuem um índice salino relativamente elevado;

- Apresentam alta solubilidade em água;

- São isentos de macronutrientes secundários;

- Tem baixa retenção nos solos e são altamente dinâmicos.

Basicamente o nitrogênio é encontrado nos fertilizantes nas formas:

Nítrica (N-NO3):

Nitrato de sódio(NaNO3 - 16% N), Nitrato de potássio (KNO3 - 13%N) e Nitrato de cálcio (CaNO3 - 15,5% N e 26% CaO).

Nesta forma são facilmente lixiviados, sendo uma boa opção seu uso em adubação de cobertura. Nesta forma deve-se evitar seu uso em condições inundadas pela facilidade de ocorrerem perdas por lixiviação e desnitrificação.

Amoniacal (N-NH4+)

Sulfato de amônio [(NH4)2SO4 - 21% N e 24% S]

Indicado para solos pouco ácidos e pobres em enxofre ou para culturas mais exigentes em enxofre.

Fosfatos de amônio:

MAP (NH4H2PO4 - 10 a 11% N e 50 a 55% P2O5)

DAP [ (NH4)2 HPO4 - 16 a 18% N e 46% P2O5].

Orgânica:

Tortas oleaginosas – algodão, soja, amendoim, mamona - (6 - 7% N), estercos de Curral (0,5% N), estercos de galinha (2% N). Quando na forma orgânica deve ocorrer a mineralização dos compostos nitrogenados, para formas assimiláveis, entretanto algumas vantagens são decorrentes desta forma de fertilizante. São indicados para culturas perenes, pois tem liberação lenta de N, são também fonte de micronutrientes, favorecem as condições químicas, físicas e microbiológicas dos solos.

Outras formas

Amônia Anidra (NH- 82% N) apresentada na forma gasosa. É injetado no solo (10cm de profundidade) com equipamentos adequados. 

Amônia hidratada (NH+ H2O) possui aproximadamente 30% N, sendo utilizada na fabricação de fertilizantes líquidos. Solução nitrogenada (mistura de uréia + NH4NO3) usada em adubação líquida, é de fácil e homogênea aplicação, sendo usada em fertirrigação.



DINÂMICA DO NITROGÊNIO NO SOLO 

O nitrogênio é um elemento muito dinâmico na natureza, onde ocorre em várias formas químicas, com grande variação de estado de oxidação, sofrendo várias transformações no sistema solo.

Uma vez entrando no sistema solo, o nitrogênio estará em formas muito instáveis e está sujeito a saída do sistema. As transformações do nitrogênio no solo envolvem a passagem das formas orgânicas (aquelas incorporadas pelos microorganismos e plantas) para as formas minerais.

Este processo é controlado única e exclusivamente pelos microorganismos e gera o aparecimento de NH3. Esse pode ser perdido por volatilização ou, mais comumente reage instantaneamente com o H+ da solução do solo produzindo o NH4+ .O amônio pode ser retido nas cargas negativas dos colóides, absorvido pelas plantas ou microorganismos e, principalmente, pode ser convertido em NO3-.

Essa reação é muito rápida (uma ou duas semanas) e torna o nitrogênio muito móvel no solo, pois a força de adsorção do nitrato pelos colóides é muito fraca e pode ser lixiviado pelo movimento descendente de água do solo e pela contaminação do lençol freático.

Em ambientes com baixa tensão de oxigênio, o nitrogênio na forma de nitrato pode ser convertido em N(denitrificação) e retornar à atmosfera. Em ambientes pobres em nitrogênio e na presença de resíduos vegetais com alta relação C:N, ocorre a imobilização do nitrogênio do solo. Esse fenômeno é observado durante a decomposição de folhas e ramos (Figura 2).

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Figura 2 - Transformações do nitrogênio proveniente de resíduos agrícolas e adubos no sistema solo. Fonte: STEVENSON (1986).




SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NAS PLANTAS

Os sintomas são bastante característicos como a paralisação do crescimento; amarelecimento generalizado das folhas velhas devido à alta redistribuição do elemento; baixos níveis de proteínas nas sementes e nas partes vegetativas. 

Uma deficiência leve de N causará uma restrição no crescimento da planta, mas geralmente se for mais sutil só poderá ser percebida através da comparação com plantas que tenham um adequado suplemento de N. 

Deficiências moderadas de N causam mudanças na cor das folhas para o verde claro ou amarelado. Sintomas severos incluem necrose (morte do tecido), começando nas pontas das folhas mais velhas, com o desenvolvimento de padrões em forma de V pela nervura central em direção a base da folha (Figura 3).

Posted Image Posted Image Posted Image Figura 3 - Sintomas de deficiência de nitrogênio em plantas. (clique nas figuras pra ampliação)



Fósforo (P)
O fósforo (Phosphorus - portador de luz) é um elemento químico de símbolo P, número atômico 15 (15 prótons e 15 elétrons) e massa atómica igual a 31. É um não-metal multivalente pertencente à série química do nitrogênio (Figura 1).

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Figura 1 - Fósforo




Aplicações:

Tanto o fósforo elementar como suas combinações apresentam amplo espectro de aplicações. Por ser essencial aos processos vitais, esse elemento é o constituinte de preparados farmacêuticos utilizados como reconstituintes e fixadores de cálcio.

Uma de suas primeiras aplicações foi a fabricação dos palitos de fósforo. Os compostos fosforados são usados industrialmente como aditivos da gasolina e dos plásticos, na fabricação de detergentes e, em metalurgia, como protetores. Grande quantidade de fósforo é utilizada na produção de fertilizantes.

Fontes:

O fósforo não se encontra livre na natureza mas, em combinações como os fosfatos. Na natureza não ocorrem em abundância formas de fósforo combinado que possa ser utilizado pela planta.

As reservas de fosfatos são jazidas de apatita ligadas rochas graníticas; rochas eruptivas; fosfatos sedimentares em camadas de origem marinha; e aluminofosfatos de origem organomineral. As maiores jazidas são encontradas em Marrocos, Argélia, Rússia, América do Norte e do Sul. No Brasil as principais reservas são a de Araxá, em Minas Gerais, as de Olinda, em Pernambuco e Jacupiranga, em São Paulo.

O guano excrementos de aves, morcegos é encontrado ns ilhas do litoral do Peru nas ilhas Galápagos, em ilhas do litoral da Bahia e Fernando de Noronha.

Formas de P nos solos:

O fósforo (P) encontra-se na fase sólida nas formas orgânicas e inorgânicas; na fase líquida em formas inorgânicas na solução do solo, nas formas de H2PO4- e HPO42-.

O P contido no material de origem do solo encontra-se na forma de minerais, com predomínio dos fosfatos, através do intemperismo o fósforo (P) é liberado para a solução, em pequenas quantidades. O fósforo (P) total da maioria dos solos pode ser relativamente grande, entretanto processos geoquímicos e biológicos podem transformar os fosfatos naturais em formas estáveis, fixado, combinado com outros elementos como cálcio, ferro ou alumínio, formando compostos não assimiláveis pelas plantas (P-lábil).

No solo o P pode ser imobilizado, quando encontra-se na forma orgânica não assimilável pelas plantas; tornando-se disponível para a planta pela mineralização da matéria orgânica; ou adsorvido que é a fração de fósforo presa ao complexo coloidal do solo tornando-se disponível através de trocas com as raízes; e assimilável é a parte que se encontra diluída na solução do solo sendo facilmente absorvido pelas plantas. A forma chamada disponível é o somatório do P adsorvido com o assimilável.

Formas de Absorção pelas culturas:

O fósforo é absorvido pelas plantas sob a forma de ânions H2PO4em solos ácidos e HPO42- , é um nutriente altamente dependente de acidez e umidade do solo.

Funções do P na planta:

Dos macronutrientes primários, o fósforo é absorvido em menores quantidades que os demais, entretanto sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção vegetal. Interfere nos processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão celular, crescimento das células. Contribui para o crescimento prematuro das raízes, qualidade de frutas, verduras, grãos e formação das sementes. Por interferir em vários processos vitais das plantas, deve haver um suprimento adequado de fósforo desde a germinação, principalmente em plantas de ciclo curto. O fósforo, na planta, apresenta uma grande mobilidade. As plantas quando jovens absorvem maiores quantidades de fósforo ocorrendo um crescimento rápido e intenso das raízes em ambientes com níveis adequados do nutriente.

Perdas de P nos solos:

No solo, o fósforo é pouco móvel, pois é firmemente retido não sendo um nutriente facilmente sujeito à perdas por percolação, entretanto, a erosão é a responsável pelas maiores perdas de fósforo, quando ocorrem perdas de matéria orgânica e partículas coloidais com fósforo.

Dinâmica do P no solo:

Nos fertilizantes fosfatados sob a forma de fosfato solúvel em água, em contato com a solução do solo, o fósforo solubiliza tornando-se disponível. Parte deste fica diluído na solução do solo e parte fica adsorvido ao complexo coloidal (argilas), por troca iônicas; em solos ácidos que apresentam elevados teores de ferro, e alumínio, parte do fósforo disponível é fixada, formando compostos de ferro e alumínio; o fósforo torna-se indisponível para as plantas.A aplicação de calcário é uma maneira de melhorar a indisponibilidade (Figura 2).

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Figura 2 - Dinâmica do fósforo no solo.




Os íons (OH-) gerados pelo cálcario tomam o lugar dos íons de fósforo fixado liberando-os para a solução do solo. Este é um dos maiores benefícios indiretos da calagem. Parte do fósforo disponível é absorvida pelos vegetais e pelos microorganismos do solo, esta se torna a fração de fósforo imobilizado no solo, com a morte dos microorganismos do solo e dos restos de culturas, o fósforo imobilizado pode tornar-se, novamente, disponível para as plantas pelo processo da mineralização da matéria orgânica; por isto, uma cultura aproveita muito pouco do fósforo aplicado nesse tipo de fertilizante.

Principais fertilizantes fosfatados:

Fosfatos naturais, superfosfato simples; superfosfato triplo ou concentrado; termofosfatos, fosfatos de amônio, fosfatodiamônio, nitrofosfato.

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS NAS PLANTAS

Os principais sintomas de deficiência são pequenos desenvolvimentos de toda planta, folhas velhas (com arroxeado característico), devido a propriedade de mobilidade do P dos tecidos velhos para os mais novos. Ocorrência de número reduzido de frutos e sementes e atraso no florescimento.

Plantas com deficiência em fósforo apresentam reduções na área e, no número de folhas. As plantas deficientes em fósforo acumulam açúcar nos tecidos e, a partir deste, sintetizam pigmentos escuros, as antocianinas, ocasionado uma coloração mais escura das folhas (Figura 3).

Posted Image Posted Image Posted Image Figura 3 - Sintomas de deficiência de fósforo em plantas. (clique nas figuras pra ampliar)


Potássio (K)
O potássio é um elemento químico de símbolo K (do latim Kalium, nome original da sua base KOH), número atômico 19 (19 prótons e 19 elétrons), metal alcalino, de massa atómica 39 u, , abundante na natureza, encontrado principalmente nas águas salgadas e outros minerais (Figura 1). Oxida-se rapidamente com o oxigênio do ar, é muito reativo especialmente com a água e se parece quimicamente com o sódio.

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Figura 1 - Potássio




Aplicações

Tem várias aplicações tais como é o metal empregado em células fotoelétricas; o cloreto de potássio e o nitrato de potássio são empregados como fertilizantes; O peróxido de potássio é usado em aparatos de respiração de bombeiros e mineiros, O nitrato também é usado na fabricação de pólvora, o cromato de potássio e o dicromato de potássio em pirotecnia.

Ação biológica

Hortaliças como beterraba e couve-flor e frutas como a banana, damasco, cereja, ameixa, pêssego são alimentos ricos em potássio. É um elemento, também, essencial para o crescimento das plantas, sendo um dos três elementos consumidos em maior quantidade. O íon potássio, encontrado na maioria dos tipos de solo, intervém na respiração.

Fontes

O potássio é o sétimo elemento mais abundante na natureza. Bastante insoluvel, smedo difícil obter o metal puro a partir dos seus minerais. A principal fonte de potássio é a potassa, extraída, entre outros locais, na Califórnia, Novo México e Utah nos Estados Unidos, e Alemanha. 

Formas de K no solo

- K - trocável;

- Adsorvido à argila e à matéria orgânica: R-COO K;

- SiO K; 

- AlO K; 

- FeO K; 

- K da matéria orgânica;

- K no interior da matéria orgânica; 

- K da soluço do solo: K na fase líquida. 

Formas de Absorção pelas culturas

O potássio (K) é absorvido pelas plantas na forma de íon K+ . As plantas absorvem o potássio da solução do solo, cuja concentração é mantida pelo equilíbrio com o potássio retido nos sítios de troca (trocável). Entretanto, quando concentração de K na solução atinge valores muito baixos, pode haver difusão de parte do potássio contido nas estruturas dos argilominerais e dissolução dos minerais primários que contém K, indicando que as formas de K não trocáveis são potencialmente disponíveis para as plantas. 

Funções do K nas plantas

É um elemento muito móvel nas plantas, tanto dentro da célula individual, como dentro de tecidos.O potássio não é constituinte de nenhuma molécula orgânica no vegetal, entretanto contribui em varias atividades bioquímicas sendo um ativador de grande numero de enzimas, regulador da pressão osmótica (entrada e saída de água da célula),abertura e fechamento dos estômatos. O potássio é importante na fotossíntese, na formação de frutos, resistência ao frio e às doenças. 
das plantas.

Perdas de K nos solos

Na solução do solo, o potássio é móvel e, também, sujeito às perdas por lixiviação, ocorrendo principalmente em solos ácidos e com baixa CTC, erosão, remoção por colheitas. 

Fertilizantes Potássicos 

- Cloreto de potássio (KCl) ; 

- Sulfato de potássio: (K2SO4); 

- Sulfato de potássio e magnésio ("K-Mg"); 

- Nitrato de potássio (KNO3); 

- Salitre Potássico (KNO3 e NaNO3).

Dinâmica do potássio no solo:

Os fertilizantes potássicos são altamente solúveis, O K+ é retido pelos colóides do solo por meio da capacidade de troca catiônica CTC. Em solos argilosos, o potássio permanece relativamente próximo do ponto de aplicação, a lixiviação ocorre com maior intensidade nos solos de textura média a arenosa, os quais geralmente possuem CTC mais baixa. O K+ não é um nutriente fixado nos solos como o fósforo (P) (Figura 2).

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Figura 2 - Dinâmica do potássio no solo.




Sintomas de deficiência de potássio nas plantas

Em solos deficientes de potássio, ocorre o acamamento das plantas. Palha e caules fracos surgem quando os níveis de nitrogênio são altos e os níveis de potássio são baixos. Na deficiência do potássio, ocorre clorose das folhas mais velhas, seguida de necrose nas margens das folhas, inicialmente nas mais velhas. Quando a necrose atinge a nervura da folha, esta curva-se para baixo, seguida de sua queda prematura. A floração atrasa e ocorre diminuição no tamanho dos frutos, com redução significativa da área verde foliar, afetando a fotossíntese (Figura 3).



Posted Image Posted Image Posted Image Figura 3 - Sintomas de deficiência de potássio em plantas. (clique nas figuras pra ampliar)






Cálcio (Ca)
O cálcio é um elemento químico, símbolo Ca, de número atômico 20 (20 prótons e 20 elétrons) e massa atómica 40 u. É um metal da família dos alcalino-terrosos, pertencente ao grupo 2 da classificação periódica dos elementos químicos (Figura 1).

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Figura 1 - Cálcio




Fontes:

É o quinto elemento em abundância na crosta terrestre Não é encontrado em estado nativo na natureza, estando sempre como constituinte de rochas ou minerais como as que contém carbonatos (mármore, calcita, calcário e dolomita) e sulfatos (gipso, alabastro). fluorita (fluoreto), apatita (fluorfosfato da cálcio) e granito (rochas silicatadas).

Aplicações:

O calcário e o gesso são as principais fontes de cálcio e são, também, condicionadores de solos. Além destes, existem fertilizantes que contém na sua composição o cálcio como o superfosfato simples com 18-20% de cálcio, o superfosfato triplo com 12%.

Cálcio na agricultura:

É um dos chamados macronutrientes secundários junto com o magnésio (Mg) e o enxofre (S). Os efeitos indiretos do cálcio são tão importantes quanto o seu papel como nutriente. O cálcio promove a redução da acidez do solo, melhora o crescimento das raízes, aumento da atividade microbiana, aumento da disponibilidade de molibdênio (Mo) e de outros nutrientes. Reduzindo a acidez do solo, diminui a toxidez do alumínio (Al), cobre (Cu) e manganês (Mn). Plantas que apresentam altos teores de cálcio resistem melhor a toxidez destes elementos.

Formas de absorção pelas culturas

É absorvido como íon Ca++, estando a maior parte dele localizado nas paredes celulares. Sua concentração no citoplasma é bastante baixa, sendo, armazenado no vacúolo nas formas de oxalatos ou carbonatos.

Função Fisiológica:

O cálcio participa de funções enzimáticas em processos de transferência do fosfato como, por exemplo, a enzima fosfolipase. Constituinte de pectatos, que são depositados na lamela média, dando resistência à paredes celulares. Constitinte ou ativador de várias enzimas como alfa amilase e nucleases.

Formas de disponibilidade Cálcio a nível de solos:

As formas disponíveis de Ca++ são adsorvidas nos colóides do solo. Pela troca de cátions, elas passam para a solução do solo e depois são absorvidas pelas plantas.

Fertilizantes com Cálcio:

Calcários são a principal fonte de fertilizantes de cálcio. Podem ser de 3 tipos:

- Calcítico;

- Magnesiano;

- Dolomítico.

Outras fontes de Ca++ para as culturas são o gesso agrícola 26% Ca ++, Super simples, Super triplo, Termofosfato, Nitrato de Cálcio, Nitrocálcio, Cinzas, Calcário calcinado, Cal virgem, Cal hidratada, Escória de siderurgia, CaCl . 

Sintomas de deficiência de Cálcio nas plantas:

Os sintomas de deficiência de cálcio são morte da gema apical, clorose e necrose internervais nas folhas mais novas, sintomas de deficiências em Ca2+ são mais pronunciados nos tecidos jovens, já que que praticamente inexiste o seu transporte no floema. Tecidos deformados e enrolados são encontados em plantas deficientes. As vagens chochas na soja e as folhas enroladas no milho são sintomas de deficiência de cálcio (Figura 2).



Posted Image Posted Image Posted Image Figura 2 - Sintomas de deficiência de cálcio em plantas.





Magnésio (Mg)
O magnésio é um elemento químico de símbolo Mg de número atômico 12 (12 prótons e 12 elétrons) com massa atómica 24 u. É um metal alcalino-terroso, pertencente ao grupo (ou família) 2 (Figura 1). 


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Figura 1 - Magnésio




Os compostos de magnésio, principalmente seu óxido, é usado como material refratário em fornos para a produção de ferro e aço também na agricultura, indústrias químicas e de construção. 

O magnésio é o sexto elemento mais abundante na crosta terrestre. Não é encontrado livre na natureza, porém entra na composição de mais de 60 minerais, sendo os mais importantes, dolomita, calcita, apatita, biotita, Mg na agricultura, é um importante macronutriente secundário, A forma disponível é Mg++ adsorvida aos colóides do solo. Pela troca de cátions, o íon Mg++passa para a solução do solo. sua absorção pode ser reduzida por outros cátions, como o K+, NH4+, Ca++, Mn++, e o H+ (pH baixo). 

Função fisiológica

É um constituinte da molécula de clorofila, necessário a várias reações enzimáticas. Por ser constituinte da clorofila e sua deficiência aparece com um amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas.


Fertilizantes com Magnésio:

Os calcários magnesianos são a principal fonte de magnésio para as plantas. Outras formas de acréscimo de magnésio no solos são os fertilizantes:

- Sulfato de magnésio (16% MgO) - aplicação foliar;

- K-Mag (18% MgO);

- Termofosfatos (19% MgO); 

- Hidróxido de magnésio (69,1% MgO);

- Fosmag (multifosfato magnesiano - 05% MgO);

- Magnesita (óxido de magnésio - 90-100% MgO);

- Silicato de magnésio (40,2% MgOA). 

Deficiência de magnésio nas plantas

O potássio tem bastante mobilidade, na planta o que leva ao aparecimento inicial das deficiências nas folhas mais velhas. Ocorre clorose entre nervuras nas folhas velhas, que se unem e evoluem para coloração mais escura até o marrom, enquanto as nervuras permanecem verdes (Figura 2).




Posted Image Posted Image Figura 2 - Sintomas de deficiência de magnésio em plantas.





Enxofre (S)
O enxofre (do latim Sulphur) é um elemento químico de símbolo S , número atômico 16 (16 prótons e 16 elétrons) e de massa atómica 32 u. À temperatura ambiente, o enxofre encontra-se no estado sólido (Figura 1). 


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Figura 1 - Magnésio




Aplicações

O enxofre é um elemento químico essencial para todos os organismos vivos, sendo constituinte importante de muitos aminoácidos. É utilizado em fertilizantes, além de ser constituinte da pólvora, de medicamentos laxantes, de palitos de fósforos e de inseticidas. As plantas absorvem o enxofre do solo como íon sulfato, e algumas bactérias utilizam o sulfeto de hidrogênio da água como doadores de elétrons num processo similar a uma fotossíntese primitiva.As proteínas dependem basicamente do enxofre. 

Fontes

O enxofre contido na atmosfera é uma das maiores fontes deste nutriente. No solo, o enxofre encontra-se na forma orgânica, que representa mais de 90% do total na maioria dos solos, e na forma inorgânica. O enxofre inorgânico é encontrado no solo em combinações de sais de sulfato, sulfetos e minério. Nas proximidades de vulcões, o enxofre é encontrado na sua forma original, razão pela qual há muitas unidades de exploração nestas regiões. também na forma orgânica. 

As transformações do enxofre no solo são controladas por processos bióticos relacionadas aos processos de mineralização, imobilização, oxiredução e assimilação pelas plantas. 

Os processos abióticos são a adsorção, a precipitação e a dissolução do enxofre inorgânico. O enxofre na solução do solo (SO42-) pode ser adsorvido aos colóides inorgânicos do solo. A prática da calagem e a aplicação de fosfatos solúveis proporcionam diminuição na adsorção de SO42-, aumentando a disponibilidade deste íon na solução do solo. Quando na solução do solo ele pode ser absorvido pelas plantas.

O enxofre é absorvido pelas plantas na forma SO4, que é altamente sujeita às perdas por lixiviação. Os solos argilosos com altos teores de óxidos de ferro apresentam grande capacidade de adsorção de SO4, o que diminui a sua movimentação no perfil do solo. Já em solos arenosos a movimentação do SO4 é maior e, com isso, e pode ser perdido por percolação. Além disso, solos arenosos possuem baixos teores de matéria orgânica, consequentemente, menores reservas de S orgânico.

As perdas de S nos solos podem ocorrer por erosão, lixiviação, queimadas, exportação pelas colheitas e redução (SO4 → H2S por anaerobiose). As restituições ao sistema ocorrem por mineralização da M.O, chuvas , fertilizantes e em algumas culturas adição de fungicidas à base de enxofre.

Os Principais fertilizantes fontes de enxofre para as culturas são: 

- Sulfato de amônio (24% de S);

- Superfosfato Simples (12% de S);

- Sulfato de Potássio (18% de S);

- Sulfato duplo de de K e Mg (K-Mg: 18-22% de S);

- Enxofre elementar (100% de S);

- Gesso (~16% de S).

Dinâmica do Enxofre:

O ciclo do enxofre é complexo pelo grande número de estados de oxidação que este elemento pode assumir, incluindo o sulfeto de hidrogênio (H2S), dióxido de enxofre (SO2), sulfato (SO42-) e ácido sulfúrico (H2SO4), entre outros. 

As plantas absorvem compostos contendo enxofre além dos sulfatos, na produção de aminoácidos das plantas o hidrogênio substitui o oxigênio na composição dos sulfatos; os seres vivos se alimentam das plantas. Os microorganismos decompõe os aminoácidos que contêm enxofre nos restos de animais e plantas, criando sulfeto de hidrogênio. O enxofre é extraído do sulfeto, por bactérias e microorganismos, e os sulfatos são produzidos pela ação de microorganismos na combinação do enxofre com o oxigênio (Figura 2).

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Figura 2 - Dinâmica do enxofre no solo.




eficiência de enxofre nas plantas

O sintoma de deficiência se manifestam numa clorose geral da planta, não havendo muita diferença entra as folhas mais novas e as mais velhas. Uma redução drástica no conteúdo de clorofila foliar é uma característica típica desta deficiência (Figura 3). 



Posted Image Figura 3 - Sintomas de deficiência de enxofre em plantas. (clique na figura pra ampliar)





Micronutrientes
Os Micronutrientes são utilizados pelas plantas em pequenas quantidades. Sua falta, no entanto, pode acarretar grandes perdas na produtividade. 

O zinco (Zn), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), boro (B) e cloro (Cl) são os elementos considerados micronutrientes essenciais. Outros elementos, como o sódio (Na), cobalto (Co), silício (Si) e níquel (Ni), são considerados benéficos.

Os micronutrientes ocorrem em teores muito baixos no solo e a quantidade total varia com o material de origem e o grau de intemperização dos solos. Solos derivados de basalto são mais ricos em micronutrientes, que os derivados de arenitos. 

A disponibilidade dos micronutrientes para as plantas é influenciada pelas características do solo, como à textura e mineralogia, teor de matéria orgânica, umidade, pH, condições de oxi-redução e interação entre nutrientes. O entendimento da dinâmica dos micronutrientes nos diferentes tipos de solo e do requerimento pelas culturas, definição de doses, fontes e estratégias de fornecimento de micronutrientes, adequadas às condições locais, são passos fundamentais para maior produtividade das lavouras e uso eficiente de insumos.

Fontes
A quantidade total de micronutrientes no solo varia com o material de origem e o grau de intemperização dos solos. 

Solos derivados de basalto são mais ricos em micronutrientes, especialmente em Mn, Fe e Zn, do que os de arenitos e sedimentos orgânicos.


Micronutrientes essenciais 

Boro ( B ):

Este micronutrientes está presente em diversos minerais, na forma de boratos ou borossilicatos, há maior concentração de B em granitos do que em basaltos. A forma iônica absorvida pelas plantas é H3BO3Atua no metabolismo de carboidratos e transportes de açúcares através de membaranas, na formação da parede celular, divisão celular, no movimento da seiva. 

Plantas deficientes em boro podem apresentar grãos leves, bem como maior queda de florada e formação de sementes, seca dos ponteiros com morte de gema terminal. As plantas apresentam atrofia e posterior necrose das pontas de ramos, podendo ocorrer ou não excesso de brotações laterais, logo abaixo da gema atrofiada, formação de manchas necróticas internervais e nos bordos das folhas (Figura 1).



Posted Image Posted Image Figura 1 - Sintomas de deficiência de boro em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Cloro (Cl):

O cloro e o boro são os micronutrientes de maior solubilidade. Cloretos de sódio, potássio, magnésio ou cálcio são os principais minerais de cloro. O cloro é adicionado indiretamente nas adubações, através do cloreto de potássio utilizado como fonte de K. 

A forma iônica absorvida pelas plantas é Cl-. Está ligado ao metabolismo da água e a transpiração das plantas, além de participar da fotossíntese. É mais comum excesso do que a deficiência deste micronutriente. A toxidez do cloro é caracterizada pela queima das margens das folhas localizadas externamente na planta. 

A deficiência se manifesta murcha dos ápices foliares, seguida por clorose e necrose generalizadas. As folhas podem exibir crescimento reduzido, eventualmente assumindo uma coloração bronzeada "bronzeamento" (Figura 2).



Posted Image Figura 2 - Sintomas de deficiência de cloro em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Cobre (Cu):

Ocorre associado ao enxofre na forma de sulfetos. A forma iônica absorvida pelas plantas é Cu2+. Tem papel importante na fotossíntese, respiração, redução e fixação de nitrogênio que ocorre no interior dos nódulos nas raízes de leguminosas. 

Os sintomas de deficiência ocorrem nas folhas novas, que permanecem alongadas, deformadas e com as margens cloróticas voltadas para baixo (Figura 3).



Posted Image Posted Image Figura 3 - Sintomas de deficiência de cobre em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Ferro (Fe):

O ferro ocorre nos solos na forma de óxidos primários como a hematita e magnetita. Com o intemperismo, os óxidos e hidróxidos de ferro aumentam nos solos. A deficiência pode ocorrer, mesmo em solos com elevados conteúdos de Fe, pois pequena proporção permanece solúvel. A forma iônica absorvida pelas plantas é Fe 2+ . 

Essencial ao metabolismo energético, atua na fixação do nitrogênio e desenvolvimento do tronco e raízes. Sintomas de deficiência são presença do verde muito claro nas folhas, com estreita faixa verde ao redor das nervuras, inicialmente nas folhas mais novas. Folhas com aparência de vidro, transparentes e retorcidas (vitrificação) (Figura 4).



Posted Image Posted Image Figura 4 - Sintomas de deficiência de ferro em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Manganês (Mn):

O Manganês faz parte de diversos minerais, ligado principalmente ao oxigênio e silício. Os óxidos e sulfetos de manganês são as formas mais comuns nos solos. A disponibilidade do nutriente pode ser bastante variável, implicando em deficiência ou toxicidade às plantas, dependendo da solubilidade dos compostos de manganês presentes no solo. 

A forma iônica absorvida pelas plantas é Mn2+. Atua na síntese da clorofila, e participa do metabolismo energético. A deficiência leva a diminuição da fotossíntese e da produtividade, aparecendo manchas cloróticas entre as nervuras das folhas superiores, permanecendo as nervuras e uma parte do tecido ao redor delas com coloração verde, acentuando a deficiência, a clorose fica generalizada (Figura 5).



Posted Image Figura 5 - Sistomas de deficiência de manganês em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Molibdênio (Mo):

Ocorre como sulfeto ou na forma de óxidos. A maior parte do molibdênio presente no solo está em formas oclusas, no interior de minerais primários e secundários. O intemperismo desses minerais libera íons molibdato, cuja solubilidade aumenta em condições alcalinas, contrariamente ao que se observa com os outros micronutrientes metálicos (Cu, Fe, Mn e Zn). Tem um papel significativo para a fixação do nitrogênio pelas bactérias, no caso das leguminosas. 

Atua, também, no metabolismo do nitrogênio na planta. O excesso de molibdênio pode ser tóxico para os animais e para as sementes em germinação prejudicando a absorção e translocação de ferro pela planta. Sintomas de deficiência são amarelecimento das folhas mais velhas e possíveis necroses marginais (Figura 6).



Posted Image Figura 6 - Sintomas de deficiência de molibdênio em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Zinco (Zn):

Está presente em diversas rochas básicas e ácidas, em compostos como sulfetos, carbonatos, silicatos e fosfatos. Participa da síntese do aminoácido triptofano, componente de hormônio do crescimento, plantas deficientes em zinco são menores, raquíticas e com internódios curtos, com cloroses internervais. O zinco é fundamental para a síntese das proteínas, desenvolvimento das partes florais, produção de grãos e sementes e maturação precoce das plantas. 

A deficiência de zinco afeta o crescimento de ramos e de folhas, havendo formação de internódios curtos, com o aparecimento de folhas miúdas na extremidade dos ramos (Figura 7).



Posted Image Posted Image Posted Image Figura 7 - Sintomas de deficiência de zinco em plantas. (clique na figura pra ampliar)



Dinâmica de micronutrientes

A disponibilidade dos micronutrientes para as plantas é influenciada pelas características do solo, como à textura e mineralogia, teor de matéria orgânica, umidade, pH, condições de oxi-redução e interação entre nutrientes causando uma dinâmica complexa no solo. O cobre, ferro, manganês e zinco em solução apresentam-se na forma de cátions, tornando-se insolúveis com a elevação do pH do solo, boro, enquanto que o cloro e molibdênio comportam-se como ânions.

O Cu e Zn são fortemente adsorvidos aos colóides inorgânicos do solo e formam complexos com a matéria orgânica. O Fe e Mn podem passar para diferentes formas de solubilidades nos solos, sendo que os ciclos de umedecimento e secagem do solo e a atividade biológica interferem na disponibilidade desses micronutrientes. Solos arenosos e pobres em matéria orgânica são mais propensos às deficiências de micronutrientes pois, além de não disporem de uma fonte que é a matéria orgânica, a lixiviação é facilitada pela falta de cargas elétricas que permitiriam a retenção dos micronutrientes adicionados via adubação. 

O Mo, na forma de molibdato, é adsorvido aos colóides da solução do solo, sendo mais retidos, em condições de alta acidez do solo, a calagem, ao elevar o pH, favorece o aumento da disponibilidade. Já o Mn é disponível em solos ácidos. Ao diminuir a disponibilidade de Mn, a calagem evita um problema comum nos solos ácidos, que é a toxicidade do elemento às plantas. Calagens excessivas, entretando, podem indisponibilizar alguns micronutrientes.

A medida que o pH do solo aumenta, diminui a disponibilidade dos micronutrientes catiônicos (Zn, Cu, Fe, Mn, Co) por causar a precipitação na forma de óxidos, enquanto que aumenta a Mo e do Cl, que estão na forma de ânions.

Fertlizantes:

A aplicação de micronutrientes pode ser feita via solo, incorporados às misturas granuladas, fertilizantes granulados e fertilizantes simples, como revestimento dos fertilizantes NPK, em aplicações via adubação fluida e fertirrigação, via adubação foliar, pelo tratamento das sementes e pela aplicação em raízes e mudas. 

A legislação brasileira de fertilizantes define os produtos que são considerados fontes de micronutrientes e suas respectivas garantias mínimas. 

Destas fontes, algumas são solúveis em água, como os quelatos, nitratos, sulfatos e cloretos, enquanto outras são insolúveis, mas disponibilizam os micronutrientes às plantas quando aplicadas ao solo, como no caso dos carbonatos, fosfatos, óxidos, fritas e outras. 

Existem no mercado numerosas opções de produtos fertilizantes contendo micronutrientes, para uso em diversas formas de aplicação. As principais de fontes de micronutrientes são os inorgânicos, os quelatos sintéticos, e os complexos orgânicos naturais. 

Existem também os produtos comerciais chamados "fritas" (fritted trace elements). As "fritas", são oxi-silicatos obtidos pela fusão de silicatos ou fosfatos com um ou mais micronutrientes a altas temperaturas. 





Manejo de Fertilizantes e Corretivos Agrícolas
Mesmo sendo um dos poucos países com fronteira agrícola a ser ampliada, a agricultura brasileira passa por um período em que os esforços para a verticalização da produção estão sendo redobrados. Desta forma profissionais e produtores agrícolas trabalham objetivando ganhos em produtividade visando tornar o agronegócio mais rentável.

Neste contexto, as práticas de correção e fertilização do solo assumem lugar de destaque, pois são responsáveis por ganhos de 50% de produtividade das culturas. Desta forma, o manejo destas práticas deve ser o mais correto possível, visando a maximização da eficiência dos efeitos beneficos dos fertilizantes e corretivos agrícolas e dos retornos dos investimentes dispensados com estes insumos, sem descuidar da conservação dos recursos naturais.

Porém, na grande maioria dos casos, os conceitos básicos ligados a estas práticas não são observados pelos agricultores, o que leva a níveis extremamente baixos de aproveitamento e eficiência dos corretivos e fertilizantes aplicados nas lavouras. 

Focado nos aspectos básicos das praticas de correção e fertilização agrícola, visando melhorar o aproveitamento dos nutrientes disponibilizados e maximizar os benefícios destes, o Portal Agrolink disponibiliza uma seção específica sobre o manejo de fertilizantes (N, P, K) e corretivos agrícolas.




1. Manejo de fertilizantes nitrogenados 
Do ponto de vista agronômico, para a maioria das culturas sob condições de cultivo de sequeiro, ou dependente apenas das chuvas, a eficiência dos diferentes nitrogenados deverá ser semelhante. Evidentemente, na avaliação de casos específicos, esta eficiência tende a ser variável em função de alguns fatores, entre os quais citam-se:

a. disponibilidade no local;

b. outros nutrientes na composição;

c. doses a serem aplicadas;

d. forma de aplicação;

e. condições do solo (umidade, textura, tipo de argila, pH, etc);

f. condições de clima (índice pluviométrico e temperatura);

g. condições da cultura (ciclo, variedade, capacidade de proliferação de raízes, eficiência metabólica, etc). 

De uma maneira geral, a eficiência dos fertilizantes nitrogenados pode ser consideravelmente aumentada, levando-se em conta os seguintes aspectos: 

Incorporação adequada

A incorporação adequada dos fertilizantes nitrogenados, tanto por ocasião do plantio, como no caso das coberturas, é de fundamental importância para se evitarem as perdas por volatização de amônia, principalmente em solos alcalinos, calcários ou áreas que foram calcariadas em excesso. Em geral, a recomendação de se aplicar o fertilizante na dose necessária para o plantio, 5 cm ao lado e 5 cm abaixo da semente, ainda é válida para a maioria das culturas produtoras de grãos. As aplicações de nitrogênio em cobertura, principalmente nas formas amídicas (uréia) e amoniacais (sulfato de amônio e outros), devem ser feitas em sulco, cobrindo-se o fertilizante com cerca de 5 cm de terra. Quando a incorporação do fertilizante nitrogenado aplicado em cobertura não é possível de ser feita, as perdas por volatização de amônia podem ser minimizadas, misturando-se o fertilizante com a camada superficial do solo. 

Parcelamento da adubação

O parcelamento da adubação, de acordo com as necessidades da cultura e em função das características do solo e do clima é, sem dúvida, uma das práticas e manejo mais recomendadas para aumentar a eficiência dos fertilizantes nitrogenados.

Em geral deve-se usar maior número de parcelamentos (3 e 4), sob as seguintes condições:

a. altas doses de nitrogênio (120-150 kg N/ha);

b. solos de textura arenosa e/ou solos argilosos com baixa CTC;

c. áreas sujeitas a chuvas de alta intensidade;

d. variedades de ciclo longo, quando se tratar de culturas anuais.

Um número menor de parcelamentos da adubação (1 a 2) deve ser feito, sob as seguintes condições:

a. doses de nitrogênio baixas ou medias (40-80 kg N/ha);

b. solos de textura média ou argilosa, com alta CTC;

c. áreas sujeitas a chuvas de baixa intensidade;

d. variedades de ciclo curto, quando se tratar de culturas anuais. 

Irrigação controlada

Muitas vezes, sob condições de agricultura intensiva, as aplicações de fertilizantes nitrogenados em cobertura não podem ser feitas com incorporação do produto. Nesse caso, o uso de irrigação controlada permite uma rápida solubilização do fertilizante aplicado, movimentação dos nutrientes na solução do solo até uma certa profundidade e redução das perdas por volatilização de amônia.

Embora haja variações quanto ao tipo de solo, para cada 1 mm de irrigação há uma percolação de aproximadamente 1 cm. Assim sendo, uma irrigação com 10 mm de lamina d'água após a aplicação de uréia é suficiente para diminuir sensivelmente as perdas por volatilização. Este princípio de manejo aplica-se, também, para as culturas de arroz sob inundação, sendo atingida maior eficiência dos fertilizantes nitrogenados, fazendo-se a drenagem do excesso de água, distribuindo-se o fertilizante nitrogenado a lanço, seguindo-se inundação controlada. 

Contribuição dos estercos, fixação biológica do nitrogênio e adubação verde 

Em certos sistemas de cultivo, notadamente em pequenas glebas, a contribuição do uso dos estercos não pode ser desconsiderada. Em função das doses aplicadas e das possíveis taxas de mineralização, sob condições ideais, esta contribuição pode chegar a níveis bem altos. 

Da mesma forma, a fixação biológica de nitrogênio em leguminosas é um componente importante, tanto qualitativa como quantitativamente, no que diz respeito a eficiência dos fertilizantes nitrogenados, quer sejam em monoculturas ou em rotação de culturas. Nas leguminosas, portanto, a técnica de inoculação de estirpes adequadas de bactérias fixadoras de nitrogênio ocupa lugar de destaque no processo global de eficiência deste nutriente. 

Assim como a fixaçao biológica, também a adubação verde com leguminosas constitui-se em fator de grande importância na avaliação do uso eficiente de nitrogênio. A contribuição desta técnica na nutrição nitrogenada tende a ser expressiva, principalmente sob condições de solo cultivado intensivamente. Neste contexto, as doses de nitrogênio a serem aplicadas podem ser reduzidas consideravelmente, principalmente quando se cultivam variedades de baixa exigência em nitrogênio. 




2. Manejo de fertilizantes fosfatados 
Os princípios de manejo para se obter o máximo de eficiência dos fertilizantes fosfatados diferem, em certos aspectos, daqueles considerados para os fertilizantes nitrogenados. No caso dos fertilizantes nitrogenados, as formas principais de perdas, e a conseqüente diminuição da eficiência agronômica, ocorrem por lixiviação e volatização. A eficiência dos fertilizantes fosfatados depende, principalmente, da minimização de perdas por erosão e fixação, embora este último processo não se apresente com características de irreversibilidade total. 

Assim, os seguintes aspectos de manejo devem ser levados em consideração, quando se almeja maximizar a eficiência dos fertilizantes fosfatados:

Percentagem de P2Osolúvel em relação ao teor de P2O5 total

A eficiência agronômica dos fertilizantes fosfatados consumidos no Brasil, para culturas anuais e bianuais, tem sido comprovada como dependente dessa relação. O manejo básico desta relação indica que:

1. as fontes mais eficientes têm sido os fosfatos solúveis (superfosfatos e fosfatos de amônio); 

2. os fosfatos com alta solubilidade em ácido cítrico (termofosfato e fosfatos naturais de alta reatividade – gafsa, por exemplo), têm mostrado eficiência similar aos solúveis em água, quando computado o efeito residual a longo prazo; 

3. os fosfatos naturais brasileiros (Abaeté, Araxá, Alvorada, Catalão, Patos, Tapira, etc.) têm mostrado, com relação aos solúveis em água, uma baixa eficiência inicial (3 a 20%), melhorando um pouco após alguns anos (15 a 45%). 

Fertilizantes fosfatados solúveis

Os fertilizantes fosfatados mais solúveis (superfosfatos e fosfatos de amônio) têm sua eficiência agronômica aumentada de forma considerável, quando se levam em conta três aspectos: 

1. aplicação após uma calagem adequada; 

2. na forma granulada;

3. de maneira localizada (em sulcos). 

A finalidade básica dessas três ações de manejo é diminuir a taxa de fixação do fósforo, isto é, diminuir a transformação do fósforo lábil em não lábil. 

Ressalta-se que em algumas situações, notadamente em solos da região dos cerrados, em áreas com alta probabilidade de veranicos, o processo de "construção" da fertilidade do solo, visando a incorporá-lo à produção de grãos, envolve uma calagem bem feita e uma adubação fosfatada corretiva, além de,em alguns casos, também uma adubação potássica corretiva. 

Nestes casos, não só os termofosfatos, mas também as fontes solúveis em água devem ser distribuídas a lanço e incorporadas com gradagem (0-10 cm), seguindo-se as operações de plantio e adubações de manutenção que incluem, também, doses adequadas de adubação fosfatada com fontes solúveis na linha. 

Para estimar as doses de P2O5 solúvel a aplicar, utiliza-se a relação seguinte: kg deP2O5/ha = 4 x % de argila ou, ainda, a utilização da mesma relação (kg deP2O5/ha = 4 x % de argila) aplicando-se, por ocasião do plantio, na linha, metade da dose como fósforo solúvel em água e a outra metade como fosfato natural reativo, termofosfato ou outro produto de baixa solubilidade em água. Repetir essa operação por 3 a 5 anos até que o monitoramento via análise de solo indique teor médio a alto em fósforo. A partir daí, fazer apenas a adubação de manutenção.

Fosfatos naturais

Existem muitas duvidas sobre os princípios de manejo dessas fontes de fósforo para se atingir a Produtividade Máxima Econômica, em comparação com os tradicionais fosfatos acidulados (superfosfatos simples e triplo). Trabalhos de pesquisa indicam que:

- A maioria dos fosfatos naturais brasileiros de baixa reatividade (Araxá, Patos, Catalão, Abaeté, dentre outros) é de origem magmática, formados principalmente por apatitas, em geral com 4 a 5 % de P2O5 solúvel em ácido cítrico e com teores de P2O5 total de 28 a 30 %. Esses produtos apresentam baixa eficiência agronômica para culturas de ciclo curto e anuais, mesmo quando finamente moídos para passar 85% em peneira de 0,075 mm (ABNT n° 200), aplicados a lanço e em solo com pH em água até 5,5; 

- A eficiência desses fosfatos naturais de baixa reatividade tende, entretanto, a aumentar com o passar dos anos, quando o solo é submetido às práticas normais de preparo (aração e gradagem), no sistema convencional de produção, que levam a uma mistura do mesmo na camada arável; 

- Os fosfatos naturais de baixa reatividade podem ser usados para formação de pastagens tolerantes à acidez, com aplicação a lanço e incorporados, de preferência, em solos com pH em água até 5,5 ou no preparo de covas ou valetas para formação de culturas perenes (cafeeiro, fruticultura, etc) e reflorestamento. Outro ponto relevante quando se usam esses fosfatos naturais e calagem, é que esta última prática deve ser feita preferencialmente após a incorporação dos fosfatos naturais. 

Seqüência de culturas

Sob condições de limitação de recursos, ou sistemas de cultivos seqüenciais, a prioridade de aplicação dos fertilizantes fosfatados deve ser dada à cultura de ciclo mais curto, com menor desenvolvimento do sistema radicular e com maior intensidade de resposta ao fósforo. As culturas com ciclo mais longo, com maior desenvolvimento do sistema radicular e menor intensidade de resposta a este nutriente podem, muitas vezes, ser razoavelmente bem supridas pelo efeito residual da adubação precedente. 

Grau de micorrização

A micorrização, através de seu efeito físico na extensão do sistema de absorção das plantas e dos efeitos fisiológicos de utilização de fósforo pela planta, representa um importante mecanismo para a maximização da eficiência de fertilizantes fosfatados. Esta associação favorece ainda o crescimento das raízes e a fixação biológica de nitrogênio, nas plantas que formam simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio. 




3. Manejo de fertilizantes potássicos
A quase totalidade do potássio consumido na agricultura brasileira é fornecida na forma de cloreto de potássio, que é um produto solúvel em água. Embora o problema de deficiência deste nutriente não seja tão acentuado no Brasil, como a deficiência de fósforo, a demanda para aplicação de fertilizantes potássicos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, notadamente em áreas com aplicação de alta tecnologia, para atingir a Produtividade Máxima Econômica (PME). 

Para maximizar a eficiência dos fertilizantes potássicos, os seguintes pontos devem ser considerados:

Textura, tipo de argila e CTC

Esses três fatores, somados às informações quanto ao teor de potássio trocável e, logicamente, às exigências da cultura, são de fundamental importância na tomada de decisão sobre as doses de potássio a serem aplicadas.

Parcelamento da adubação

Solos arenosos ou de textura média/argilosa, mas com argilas de baixa atividade e sujeitos a chuvas intensas, devem receber a adubação na forma parcelada, com o objetivo de minimizar possíveis perdas principalmente quando da aplicação de doses elevadas de potássio. Uma regra prática énão ultrapassar 50-60 kg de K2O, em linha, aplicados no sulco de plantio. 

Adubação potássica corretiva

Embora uma maneira eficiente de se fazer a adubação potássica, para culturas anuais e bianuais plantadas em linha, seja a distribuição do fertilizante em sulcos, ao lado e abaixo das sementes, em algumas situações é também recomendada uma adubação potássica corretiva. 

Este é o caso, bastante comum, quando da incorporação de solos extremamente pobres, como os sob cerrado, ao processo produtivo e, principalmente, quando o agricultor for fazer na gleba uma adubação fosfatada corretiva, conforme mencionado anteriormente. As doses recomendadas neste caso são para se atingir 2 a 5% da CTC a pH 7,0 saturada por potássio, sendo a distribuição do fertilizante à lanço, seguindo-se de incorporação com gradagem (mais ou menos 10 cm). 

Manejo dos restos culturais

Diferentemente do nitrogênio e do fósforo, a maior parte do potássio absorvido encontra-se nas folhas, talos e ramos. Este aspecto é relevante, pois o manejo adequado dos restos culturais irá devolver grande parte do potássio utilizado pelas plantas, contribuindo para um maior equilíbrio na dinâmica deste nutriente no solo. 

Equilíbrio nitrogênio - potássio

Embora o princípio da adubação equilibrada e balanceada seja válido para todas as situações de solos, climas e culturas, a interação nitrogênio – potássio merece lugar de destaque. 

Como o potássio promove a absorção e utilização do nitrogênio, a adubação nitrogenada somente terá máxima eficiência se as plantas também forem supridas com quantidades adequadas de potássio. Este aspecto assume relevância ainda maior em sistemas de agricultura intensiva sob irrigação, em que, muitas vezes, pequenas doses de fertilizantes potássicos podem levar ao baixo aproveitamento dos fertilizantes nitrogenados, baixas produções e menores lucros por parte do agricultor. 




CUIDADOS
O uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas depende de uma série de fatores que afetam o processo, como um todo. Esses fatores podem ser assim discriminados: 

a. Qualidade dos fertilizantes e corretivos agrícolas, além da compatibilidade entre fertilizantes e/ou corretivos (Figura 1);

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Figura 1 - Compatibilidade entre Fertilizantes e Corretivos




b. Solo - As características físicas, químicas, físico-químicas, assim como o teor de matéria orgânica afetam o uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas; 

c. Recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa - Na prática da adubação, a "Lei do Mínimo ou de Liebig", explica que a produção é limitada pelo nutriente que se encontra em menor disponibilidade, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidades adequadas. O que é importante em relação à "Lei do Mínimo" é que a grande maioria dos solos do Brasil apresenta, também, deficiência de enxofre e micronutrientes e essa lei deve ser considerada na sua forma ampliada. Em relação à quantidade ou dose é fundamental levar também em consideração, principalmente no caso dos fertilizantes, a "Lei dos Incrementos Decrescentes", que estabelece o seguinte: para cada incremento sucessivo da quantidade de fertilizante, ocorre um aumento cada vez menor na produção. Em termos práticos, essa lei orienta no sentido de que as adubações não devem visar a Produtividade Máxima (PM), mas a produtividade que proporcione o maior lucro para o agricultor, ou seja, a Produtividade Máxima Econômica (PME);

d. Época de aplicação - A época de aplicação de fertilizantes deve coincidir com aquela que antecede a maior demanda da cultura, desde que estes fertilizantes sejam de alta solubilidade. Esse é o caso, principalmente, do fertilizantes nitrogenados e potássicos, que, em geral são solúveis em água. O parcelamento adequado de adubação nitrogenada e, em certos casos, da adubação potássica, é essencial para aumentar a eficiência destes fertilizantes na maioria dos casos. Em anos recentes, têm sido acumulados dados mostrando efeitos amplamente positivos envolvendo a antecipação da adubação nitrogenada e potássica na cultura do milho em áreas sob plantio direto ou mesmo sobre agricultura convencional;

e. Forma de aplicação ou localização;

f. Uniformidade de distribuição - O fator uniformidade de distribuição dos fertilizantes e corretivos está ligado à qualidade, regulagem e operação adequada dos equipamentos para aplicação desses insumos, de modo a permitir uma localização correta. A uniformidade de distribuição está também, ligada a certas características dos produtos, tais como:

- O grau de segregação é a separação e acomodação seletiva das partículas por ordem de tamanho, com a movimentação e trepidação do produto. Isto pode comprometer seriamente a homogeneidade, em especial de mistura de grânulos, onde a separação por ordem de tamanho e densidade leva, automaticamente, à separação dos nutrientes; 

- A higroscopicidade é a tendência que os materiais apresentam de absorver umidade do ar atmosférico (Figura 2). Para cada fertilizante simples, ou mistura, há um máximo de umidade relativa do ambiente (umidade relativa crítica) a que o produto pode ser exposto sem absorver umidade.Um fertilizante úmido apresenta vários inconvenientes: 
a. queda no teor de nutrientes; 
b. dificuldade de manuseio e distribuição; 
c. diminuição da resistência das partículas; 
d. empedramento. 

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Figura 2 - Umidade críticas de Fertilizantes e Misturas.




- O empedramento é a cimentação das partículas do fertilizante, formando uma massa de dimensões muito maiores que as partículas originais. Resulta da recristalização do material desenvolvido na superfície das partículas umidecidas, o que ocorre através da perda da umidade absorvida, quando diminui a umidade relativa do ar ou a temperatura se eleva; 

- A fluidez é a capacidade de livre escoamento do fertilizante por determinados espaços. No caso dos fertilizantes sólidos, a fluidez depende da higroscopicidade, uniformidade e formas das partículas. 

Desta forma, assumindo-se que o produto a ser utilizado está em condições ideais para aplicação, a melhor maneira para que o objetivo seja atingido é o agricultor utilizar equipamento adequado e fazer calibração do mesmo antes de iniciar o processo de distribuição. 

A manutenção adequada dos equipamentos, para evitar problemas de última hora, deve merecer especial atenção.




Tipos de Corretivos
Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou eliminar) a acidez dos solos e ainda carrear nutrientes vegetais ao solo, principalmente cálcio e magnésio. A acidez de um solo é devida à presença de Hlivres, gerados por componentes ácidos presentes no solo (ácidos orgânicos, fertilizantes nitrogenados, etc.). A neutralização da acidez consiste em neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion OH-. Portanto, os corretivos de acidez devem ter componentes básicos para gerar OH- e promover a neutralização.

Os corretivos de acidez são classificados em:

Calcário: produto obtido pela moagem da rocha calcária. Seus constituintes são o carbonato de cálcio (CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3). Em função do teor de MgCO3, os calcários são classificados em : calcíticos, com teor de MgCO3 inferior a 10%; magnesianos, com teor mediano de MgCO3 entre 10% e 25%; e dolomíticos, com teor de MgCO3 acima de 25%. Em função da natureza geológica, os calcários são também classificados em sedimentares e metamórficos. Os primeiros são mais friáveis ou "moles" e os últimos são mais "duros", porém, quando bem moídos apresentam comportamento agronômico semelhante.

Cal virgem agrícola: produto obtido industrialmente pela calcinação ou queima completa do calcário. Seus constituintes são o óxido de cálcio (CaO) e o óxido de magnésio (MgO), e se apresenta como pó fino. 

Cal hidratada agrícola ou cal extinta: produto obtido industrialmente pela hidratação da cal virgem. Seus constituintes são o hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] e o hidróxido de magnésio [Mg(OH)2] e também se apresenta na forma de pó fino.

Calcário calcinado: produto obtido industrialmente pela calcinação parcial do calcário. Seus constituintes são CaCO3 e MgCO3 não decompostos do calcário, CaO e MgO e também Ca(OH)2 e Mg(OH)2 resultantes da hidratação dos óxidos pela umidade do ar. Apresenta-se na forma de pó fino. Sua ação neutralizante é devida à base forte OH- e a base fraca CO3-2

Escória básica de siderurgia: subproduto da indústria do ferro e do aço. Seus constituintes são o silicato de cálcio (CaSiO3) e o silicato de magnésio (MgSiO3-) .

Carbonato de cálcio: produto obtido pela moagem de margas (depósitos terrestres de carbonato de cálcio), corais e sambaquis (depósitos marinhos de carbonato de cálcio, também denominados de calcários marinhos). Sua ação neutralizante é semelhante à do carbonato de cálcio dos calcários.

Observações:

1. Conforme foi mostrado, uma base é considerada forte ou fraca pela intensidade com que coloca o OH- no meio: uma base forte coloca, de imediato, todos os seus OH- no meio, enquanto uma base fraca, devido o equilíbrio químico, coloca mais lentamente e em pequenas quantidades;

2. Pela ação neutralizante dos corretivos de acidez, fica claro que o cálcio e o magnésio não são neutralizantes; são nutrientes vegetais. As bases químicas efetivas são CO32-, OH- e SiO32-. Isso significa que carbonatos, hidróxidos e silicatos solúveis corrigem a acidez, como BaCO3, Li(OH), Na2SiO3, mas não são corretivos da acidez "dos solos". Devido à existência, em abundância, de materiais que associam essas bases químicas aos nutrientes cálcio e magnésio, estes são os indicados para corrigir a acidez "dos solos", ou seja, são os corretivos da acidez "dos solos"; 
3. O gesso (CaSO4.2H2O) não é corretivo de acidez; isto porque embora o SO42- seja uma base química, sua força é extremamente pequena conforme mostra o diminuto valor de sua constante (Kb = 8,3 x 10-13): essa força é quase nula, de nenhuma efetividade prática;

4. há no mercado o produto conhecido como calcário "filler": é um calcário que se caracteriza por apresentar granulometria fina.




CARACTERÍSTICAS
1. Natureza química dos constituintes: Conforme visto, os corretivos de acidez diferem entre si pela natureza química de seus constituintes. e, de acordo com essa natureza, os constituintes podem ser ou originar bases fracas, como os carbonatos e silicatos, de ação mais lente, ou base forte como o hidróxido, de ação mais rápida e enérgica. Por isso, os corretivos devem ser comercializados com a sua correta denominação, o que é exigido pela legislação brasileira, a fim de que o consumidor, conhecendo-os, saiba como utilizá-los corretamente. 

2. Poder de neutralização (PN): O poder de neutralização de um corretivo de acidez é determinado analiticamente, fazendo-se uma amostra do mesmo reagir com uma quantidade conhecida e em excesso de ácido clorídrico relativamente diluído (0,5N) e a quente. Dessa forma, é dada oportunidade ao corretivo de exercer toda a sua capacidade de neutralizar o ácido. Posteriormente, determina-se o excesso de ácido e, por diferença, calcula-se a quantidade de ácido neutralizada pelo corretivo. De acordo com o princípio da equivalência química, a quantidade de ácido neutralizada equivale à quantidade de constituinte neutralizante contido na amostra. Ainda pelo princípio da equivalência, seja qual for o constituinte da amostra, considera-se como sendo o CaCO3, que é tomado como padrão. Assim, calcula-se a quantidade de CaCO3 que deveria existir na amostra e o resultado é expresso em "porcentagem equivalente em carbonato de cálcio".

3. Teores de cálcio e de magnésio: A identificação de um produto como corretivo de acidez dos solos é feita determinando-se os teores de cálcio e de magnésio. A ausência ou teores muito baixos desses elementos indicam que o produto não é corretivo de acidez dos solos. Essa determinação fornece os teores desses constituintes na forma elementar, isto é, Ca e Mg; mas são expressos, por convenção, como CaO e MgO em todos os corretivos.

4. Solubilidade: A solubilidade em água das espécies neutralizantes dos corretivos é baixa: CaCO3: 0,014 g/L a 25ºC; MgCO3: 0,106 g/L a 25°C; Ca(OH)2; 1,85 g/L a 0°C; Mg(OH)2: 0,009 g/L a 18°C; CaSiO3: 0,095 g/L a 17°C. O CaO e o MgO reagem com a água produzindo os respectivos hidróxidos. As impurezas presentes nos materiais corretivos concorrem para dificultar a solubilidade desses constituintes. 

5. Granulometria: Devido à baixa solubilidade das espécies neutralizantes, a ação dos corretivos nos solos depende, além da umidade, do contato do corretivo com o solo. E esse contato, por sua vez, depende:

a. Da moagem do corretivo: quanto mais moído, maior é o contato e mais rápida será sua 
ação no solo e vice-versa;

b. Da mistura do corretivo com o solo: quanto mais misturado, maior é o contato e mais rápida será sua ação no solo e vice-versa. Para uma boa mistura do corretivo com o solo é necessário que ele seja distribuído uniformemente e também bem incorporado, isto é, é necessário que o corretivo seja bem aplicado. Pode-se afirmar com segurança que perde-se muito do efeito dos corretivos devido a imperfeições na aplicação. Deve ser lembrado que o aumento do grau de finura aumenta também as dificuldades de aplicação, tanto em relação aos equipamentos aplicadores quanto às perdas em conseqüência do vento, e também o maior contato do corretivo com o operador.

6. Reatividade e efeito residual: Reatividade de um corretivo é a velocidade de sua ação no solo, ou seja, a rapidez com que corrige a acidez. A reatividade depende:

- Das condições de solo e de clima: quanto maiores forem a acidez do solo, a temperatura e a umidade, maior é a reatividade, razão porque nas regiões tropicais os corretivos são mais reativos do que nas regiões temperadas e frias.

- Da natureza química: as bases fortes são mais reativas do que as bases fracas;

- Da granulometria: quanto mais fino for o corretivo, maior é a reatividade.

Ressalte-se que: 

a. reatividade significa o percentual do corretivo que reage no solo dentro de um período de 3 meses;

b. exigir garantia de reatividade mínima para os calcários não é interessante do ponto de vista agrícola: os calcários B e C apresentam a mesma reatividade, porém 33% do calcário B não terá qualquer efeito enquanto apenas 5% do calcário C não terá efeito. Portanto, é mais interessante exigir-se garantia mínima de granulometria, o que é adotado pela legislação brasileira: os calcários devem passar no mínimo 95% na peneira Nº 10 (ABNT), 70% na peneira Nº 20 (ABNT) e 50% na peneira Nº 50 (ABNT) (Brasil, 1986). O calcário C atende exatamente a esses mínimos. Deve-se notar então que a legislação tolera até 5% do material que não terá reação no solo;

c) o calcário "filler" por ter granulometria bem mais fina que 0,30 mm (peneira Nº 50), deve ter reatividade superior a 100%;

d) as cais (virgem e hidratada), além de apresentarem granulometria bastante fina, têm suas reatividades aumentadas devido à natureza química (bases fortes): portanto suas reatividades são bastante superiores a 100%, podendo-se dizer que a ação desses produtos é quase "imediata" (10 a 15 dias). 

Efeito residual de um corretivo é o tempo de duração da correção da acidez, ou seja, é a duração da calagem. O efeito residual depende de vários fatores: dosagem de corretivo usada na calagem, tipo de solo, adubações (os adubos nitrogenados acidificam o solo), intensidade de cultivo, dentre outros. Porém um fator também importante no efeito residual é a reatividade do corretivo: quanto maior a reatividade, menor o efeito residual, isto é, quanto mais rápida a ação do corretivo, menor é a duração da calagem e vice-versa. Portanto, reatividade e efeito residual são duas características antagônicas. 

7. Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT): A ação de um corretivo depende fundamentalmente das características: poder de neutralização (PN) e reatividade (RE). Isoladas, essas duas características não possibilitam uma adequada avaliação da ação do corretivo; por isso foram associadas, dando origem ao índice denominado Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT).

O aumento do PRNT dos corretivos pode ser conseguido pela moagem mais fina ou pela calcinação (transformação do carbonato em óxido ou hidróxido): no primeiro caso ocorre somente aumento de reatividade e no segundo ocorre aumento de PN e reatividade. Por isso, pode-se concluir que, em geral, quanto maior o PRNT maior é a reatividade do corretivo.

A rigor, o conceito de eficiência está ligado à lucratividade, isto é, o corretivo mais eficiente é aquele que proporciona maior lucro. Para isso é necessário levar em conta aspectos técnicos e econômicos.

Quanto aos aspectos técnicos, deve-se considerar que: há situações que necessitam de corretivos com maior reatividade, como no caso de atraso na calagem, calagem em terrenos arrendados temporariamente, hortas, solos muito ácidos; há situações que necessitam de efeito residual como no caso de calagem para implantação de culturas perenes, semi-perenes e pastagens; muitas situações necessitam de corretivos com reatividade e efeito residual em níveis intermediários.

Deve-se considerar também a natureza química do produto e a granulometria, porque exigem diferentes cuidados na aplicação: cal virgem, cal hidratada e calcário calcinado devem ser incorporados logo após a aplicação para não se empedrarem, assim como exigem maior proteção das pessoas que os aplicam quanto ao contato com a pele e os olhos; e produtos de granulometria fina exigem equipamentos adequados para aplicação, assim como podem apresentar acentuadas perdas devido ao vento.

Não se pode definir o melhor corretivo apenas pelas suas características. Há diferentes situações agrícolas que exigem corretivos com diferentes características: cabe ao técnico indicar o corretivo mais adequado a cada situação; e cabe aos produtores de corretivos colocar no mercado produtos com características especificadas e garantidas. 


Fonte: Growroom.net  - By steampipe